O Breaking mudou a minha vida

Saiba como o esporte impactou a vida de diferentes pessoas

A arte e a sensibilidade andam lado a lado, quando um indivíduo é tocado por ela vemos uma transformação no comportamento, na linguagem, nas relações interpessoais e na forma de enxergar a vida.
O Breaking é uma potência, um dos principais elementos da cultura hip hop, com mais de 50 anos de história, o esporte vem cativando pessoas ao redor do mundo.

Como aquecimento para o Breaking do verão, entrevistamos B-Boys e uma B-Girl que está concorrendo a uma vaga nas Olimpíadas de Paris, e, recolhemos histórias marcantes desses artistas que tiveram suas vidas transformadas pelo Breakdance.

Superação e resiliência 

Lucas Ferreira Machado A.K.A Perninha nasceu com uma má formação congênita em sua perna esquerda. Como sabemos, nosso país não possui acessibilidade ampla para indivíduos com patologias especiais e viver sob essas condições requer força e muitas vezes sacrifícios. 

A história de Perninha é motivacional, atualmente o B-Boy é reconhecido no mundo todo, venceu diversos campeonatos e se tornou uma das maiores referências para o Breaking Dance. 

Com mais de 10 anos de carreira, Perninha coleciona histórias com seu coletivo Gang Gangrena e Killa Rockers do Brasil, além de ser produtor e idealizador do festival internacional independente de Hip Hop “Chega que é Certo”.  

Atravessando o país mostrando sua história Lucas atua diretamente na busca por proteção e cuidado a indivíduos em situação de vulnerabilidade social, mostrando seu exemplo e se articulando junto com projetos sociais através de políticas afirmativas. Perninha é gigante.

Driblando a depressão através do Breaking Dance 

Sabrina Vaz A.K.A Savaz é natural de Bangu., na Zona Oeste do Rio de Janeiro,  B-Girl e bailarina.  Em 2014 a artista teve seu primeiro contato com a cultura através do hip hop por meio de um projeto social em seu bairro. Além de dançarina, Sabrina cursou Educação Física na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,  (UFRRJ) onde passou a atuar como diretora artística da companhia de dança. 

Estar presente de corpo e alma em diferentes atividades é uma tarefa praticamente impossível e como consequência Sabrina acabou desenvolvendo um quadro depressivo. 

Ao largar a faculdade e deixar de lado atividades que amava, a até então bailarina morou de favor no quarto de uma escola de dança, passando por uma fase muito difícil mas sendo esse o momento da sua virada de chave, já que naquele espaço Sabrina teve a oportunidade de reencontrar seus amigos dos tempos do hip hop. 

O encontro entre Savaz e seu antigo grupo foi uma ferramenta importante para superar barreiras e construir novas linguagens, se reconectando consigo mesma e apostando todas as suas fichas no esporte, se reerguendo e se tornando um dos grandes nomes do Breaking Dance no Brasil buscando uma vaga para as Olimpíadas de Paris.

Branco o “Mad Killa”

Branco é natural da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Aos 26 anos, o B-Boy é integrante da Mad Killa Crew. 

Transformado pelo Breaking Branco me conta que o esporte entrou em sua vida na escola, quando fazia parte de um projeto social onde também aprendeu capoeira. 

Conhecendo a cultura através dos mais velhos, o B-Boy passou a experimentar movimentos com o passar do tempo, e, aos poucos foi conhecendo novas pessoas da mesma idade no Centro Cultural onde aconteciam os treinos.

O breaking me formou como pessoa, me educou, me ensinou, me deu uma malícia, foi o pai e a mãe que não tive na criação. Me ensinou que é preciso respeitar as pessoas pra ser respeitado, ensinou a chegar e a sair, e me ensinou a defender o meu e o que é dos meus também. Foi e sempre vai ser minha escola.

Branco passou por diversas situações em seus 14 anos de carreira. Certa vez o B-Boy participou de um campeonato que aconteceu em uma fase muito marcante da sua vida. 

Sob o reflexo da pobreza tive que escolher entre o dinheiro de comer e o da passagem de volta, apostando todas as fichas no meu talento e na fome de vencer, conquistando o prêmio e provando para mim mesmo que aquele era o meu caminho.

Branco é um verdadeiro “Mad Killa” que constrói sua vitória degrau por degrau, peça por peça em busca dos seus sonhos, um guerreiro.

O Breaking muda vidas, histórias como a de Sabrina, do Perninha e até mesmo do Branco não são melhores nem piores que tantas outras, mas são exemplos de superação, dedicação e força, vivendo suas vidas para o esporte e pelo esporte, rumo ao topo.